sábado, 12 de maio de 2012





No cais te espero chegar

O cais me parece estranho...
Está muito escuro agora,
talvez até mesmo espere você chegar
em um navio de algum lugar, mas não sei de onde...
E no horizonte dessa saudade só avisto
a tenebrosa sombra da escuridão,
onde você está? Em que porto desembarcou?                                                                  
Vem aqui nesta noite gelada, neste cais sombrio,
esquecera de mim? Estou com frio...
Estou com medo, acho que me perdi.
Como um navio a flutuar pelas águas do mar
sem um leme nem uma luz a o guiar,
assim estou me perdendo por entre as águas
Que me puxam para dentro de si
como se quisesse me arrastar                                  
para onde você está...

Glauber Rocha 

quinta-feira, 3 de maio de 2012
















Acho que ainda te amo

Não queria admitir, mas ainda te amo,
As ondas do amor, ainda batem com a mesma força
Nas paredes do meu coração.
E o pior que de tanta força agora me ferem,
Abrem um buraco sangrento e profundamente vazio,
Onde as simples e malditas lembranças
Me fazem querer a todo instante de volta seu perfume.
Mas não posso na virtude de um desejo
Dar-me ao sofrimento de querer-te de novo,
Todo o amor um dia sublinhado
Foi para sempre no pendão de um orgulho esquecido
Mas sei que em mim enquanto houver
Um resquício de esperança
Estarei novamente sujeito
As desilusões do amor...

Glauber Rocha